domingo, 5 de setembro de 2010

Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia

W I L L I A N       S H A K E S P E A R E

- Obra concluída em 1616 (com sua morte);

- Pode ser considerada como uma grande construção astronômica;

- Viveu numa época que era resultado das tensões de um reino em constante ameaça e de um império que recém iniciava;

- Tomando-o como se fora um grande geômetra da época do Renascimento, preocupado porém não com os corpos celestes, mas com os terrestres (ele nunca teve preocupações transcendentais), armado somente com pena e tinta, e não com a luneta, pode-se tomar a liberdade de classificar sua obra em três grandes tipos de constelações ou sistemas planetários: o das comédias (A Tempestade, Os fidalgos de Verona, As alegres comadres de Windsor, Mercador de Veneza, A megera domada, etc...); o das histórias (A vida e a morte do rei João, Ricardo II, e III , Henrique IV , V , VI e VIII); e o das tragédias (Coriolano, Romeu e Julieta, Júlio César, Macbeth, Hamlet, Rei Lear, Otelo, Antônio e Cleópatra e Cimbelino). Em cada uma delas há uma espécie de personagem solar, ao redor da qual giram corpos de variada dimensão, formando um complexo sistema com suas próprias leis de gravitação.




     A dramaturgia de Shakespeare
    Dom natural - Shakespeare tinha um Dom natural para a imagística (poder de imaginação e fantasias que um autor é capaz de reproduzir) e para a musicalidade oral de uma maneira raramente encontrada em qualquer outro autor teatral.
    Ecletismo - Todas as influências, do velho e do novo, encontravam-se e confundiam-se em completo ecletismo e confusão do seu tempo – o que lhe conferiu universalidade.
    Classes - Shakespeare experimentou o convívio inter-classista. Foi abastado e pobre entre a infância e a adolescência. Mentalmente pertencia à classe média educada - que circulava com desenvoltura em meio à nobreza, numa época em que as fronteiras entre ambas não eram rigidamente fixas. O mundo da boêmia, por sua vez, serviu-lhe para o contato com figuras excêntricas e mesmo marginais.
    Influências - "As Vidas dos varões ilustres" de Plutarco, transcrições de Ovídio (seu poeta favorito) Sêneca e Virgílio. A tradução que Chapman fez de Homero; "Os Ensaios" de Montaigne, Crônicas sobre a história da Inglaterra, de Holisched, "Arcadia" de Sidney e a "Rosalind" de Greene, as nouvelle ou contos italianos. Além de ter absorvido as técnicas de Christopher Marlowe e o gosto pela retórica adquirido de Lyly.
    Fontes de inspiração - Mitologia clássica, literatura clássica (Plauto, Ovídio e Plutarco), A Bíblia de Genebra, tradução de 1560 e lendas cristãs. Histórias nacionais e contos estrangeiros. E também as homilias da igreja anglicana preparadas pelo governo para afirmar a fidelidade dos fiéis à monarquia Tudor.
    Conteúdos das peças - Problemas do governo, os triunfos e os fracassos dos personagens históricos: o direito divino dos reis, o direito à rebelião e os direitos dos indivíduos; questões religiosas, aspirações nacionais, política exterior, filosofia humanista, indagações científicas e especulações metafísicas; captou a Renascença por osmose. Sua obra contém quase o mundo inteiro, capta inúmeros aspectos da humanidade e projeta a realidade para um plano mais amplo do que qualquer outro escritor, com exceção de Balzac e Tolstoi.
    Espírito prático - Suas peças atendiam ao gosto do público e às inclinações do momento. Produzia qualquer gênero dramático, comédia, drama histórico, tragédia ou tragicomédia (romance).
    Patriotismo - Sua política é insular, a glória ou a prosperidade da Inglaterra são suas únicas preocupações.
    Política Social - Era crítico em relação ao feudalismo; não tolerava a monarquias irresponsáveis ou incompetentes; preocupava-se com o governo estável; a cura para a autocracia irresponsável é a rebelião, não do povo, mas dos fidalgos encarregados de restaurarem a ordem.
    Individualismo - A chave da vida é a afirmação do individualismo. Seus personagens são dotados de traços indeléveis e fortemente marcados: Otelo pelo ciúme, Macbeth pela traição, Ofélia pela inocência, Iago pela inveja, Ricardo III pela maldade, Falstaff pela bonomia, Hamlet pela indecisão, Romeu pelo amor juvenil, Ricardo II pela inabilidade, Henrique V pela coragem, Calíban pelo ressentimento, Próspero pela magia, etc.. A intensidade é tudo.
    Destino - O destino ou Deus é o drama da vontade individual. Não existe nada predeterminado. O Homem faz seu próprio destino e o seu roteiro é determinado pelos seus traços de caráter (bondade, maldade, inveja, ciúme, etc..). Não há nenhuma outra força extraterrestre impulsionando alguém para a desgraça a não ser sua própria vontade. Esta é condicionada por uma série de elementos que estão fora do controle dele, mas que não lhe tira inteiramente a possibilidade de optar, de buscar alternativas. Em A Tempestade o autor nos revela um mundo no qual todos têm um papel designado e o arrependimento aparenta ser a melhor forma de continuar a vida após uma fúria de sentimentos - isso comprova que Shakespeare usava a realidade de seu tempo em favor da historicidade mestra.
    Representação social - Shakespeare colocou um mundo inteiro nas suas peças. Rei e barões, nobre e gente do povo. Mulheres pérfidas como Lady Macbeth ou jovens amantes apaixonadas como Julieta. Gente sóbria e bêbados, falastrões e gente perigosamente silenciosa como Cássio, o que conspirou contra César. Pobres e ricos.
    Superação - Mesmo os impedimentos físicos (como em Ricardo III) ou morais (como em Hamlet) são passíveis de serem superados. Seus personagens procuram superar as deficiências pessoais. Via a humanidade como uma criatura de divina inteligência atada a uma barriga que deve alimentar.
    Violência - Os que vivem pela espada, morrem pela espada. Shakespeare mostra o delírio que acomete os tiranos, seus ataques paranoicos e sua brutalidade. Aqueles que ascendem ao poder usando os recursos da violência são obrigados a ela se socorrer, até que tudo se volte contra ele mesmo (Ricardo III, Macbeth)
    Multiperspectiva e conflito - Seus personagens prestam-se à múltipla interpretação, como no caso mais extremado de Hamlet. Justamente a riqueza e a diversidade do caráter dos seus personagens, suas ambiguidades e indecisões tornam-se elementos ricos para todo os tipos de análise e todos os tipos de conclusões. Vê a natureza e a própria vida como um choque permanente de antagonismos: rei Lear/Edmundo, Hamlet/Cláudio; Otelo/Iago.

    Adaptado de "Cultura e pensamento - História por Voltaire Schilling"



    quarta-feira, 1 de setembro de 2010

    Certas Coisas

    Não existiria som
    Se não houvesse o silêncio
    Não haveria luz
    Se não fosse a escuridão
    A vida é mesmo assim,
    Dia e noite, não e sim...

    Cada voz que canta o amor não diz
    Tudo o que quer dizer,
    Tudo o que cala fala
    Mais alto ao coração.


    Silenciosamente eu te falo com paixão...

    Eu te amo calado,
    Como quem ouve uma sinfonia
    De silêncios e de luz.
    Nós somos medo e desejo,
    Somos feitos de silêncio e som,
    Tem certas coisas que eu não sei dizer...

    Cada voz que canta o amor não diz
    Tudo o que quer dizer,
    Tudo o que cala fala
    Mais alto ao coração.

    Silenciosamente eu te falo com paixão...

    Eu te amo calado,
    Como quem ouve uma sinfonia
    De silêncios e de luz,
    Nós somos medo e desejo,
    Somos feitos de silêncio e som,
    Tem certas coisas que eu não sei dizer...

    http://www.youtube.com/watch?v=V1UiIyLfyYk&feature=player_embedded

                    . . .

    Ter vida é sentir que algo diferente acontece dentro de cada um,
    É saber da grande festa decorrente na névoa
    É ter a fellicidade de descontar nos instantes
    A paz esquecida e o calor flamejante.

    Não ter longevidade
    Não ter atitude
    É o mesmo que não planar
    É o mesmo que não perceber a brisa suave
    Nem a fonte inesgotável de paixão

    Sem saber de nossa própria integridade
    Ficamos indecisos entre o não e o sim
    Entre a vida e a morte
    E não nos damos conta da importância da crença

    Somos lavados por sentimentos corrompidos
    E por angústias que liberam fragrâncias de poeira

    Só mesmo seguindo as metas saberemos aonde vamos chegar
    Só aspirando por momentos impossíveis...
    Só assim seremos mais completos

    Tem certas coisas que não se explicam
    Não se interpretam
    Não se vivenciam

                                Enio Silva